Depois de longo hiato de comunicação entre a Presidência da República e os reitores de universidades e institutos federais, o Palácio do Planalto sediou, nesta quinta-feira, 19/1, encontro entre o presidente Luís Inácio Lula da Silva e os dirigentes máximos dessas instituições. O vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha representou a Universidade Federal do Rio de Janeiro, enquanto a reitora Denise Pires de Carvalho representou a Secretaria de Educação Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC). Ela é a nova titular da secretaria, como o Conexão UFRJ noticiou em primeira mão, mas ainda não foi nomeada, assim como todos os novos integrantes da Sesu anunciados pelo ministro Camilo Santana no dia 6/1, o que deve acontecer nos próximos dias.
“O encontro com vocês é o encontro da civilização. (…) Não existe na história da humanidade nenhum país que conseguiu se desenvolver sem que antes tivesse resolvido o problema da formação do seu povo. Então, nós estamos começando um novo momento. Eu sei do obscurantismo que vocês viveram nesses últimos quatro anos”, disse Lula.
Em seu discurso, o presidente destacou que é preciso formar e qualificar a sociedade para as diversas áreas, especialmente em engenharia. Além disso, defendeu o Financiamento Estudantil (Fies) como instrumento de democratização da educação, ressaltando que é importante os estudantes terem o mesmo crédito dado a empresas e pessoas mais ricas. Também em uma de suas falas, Lula criticou o mercado financeiro: “Esse mercado só não considera como gasto o pagamento dos juros da dívida”.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, destacou a importância do encontro: “Essa geração de reitoras e de reitores, e creio que uma parte da geração anterior não sabe o que significa porque nunca experimentou uma reunião com o presidente da República, aqui no Palácio do Planalto. Eu quero, portanto, em primeiro lugar, fazer essa palavra de reconhecimento e de agradecimento pelo fato de logo no primeiro mês desta gestão nós podermos ser recebidos aqui, que eu tenho certeza que é um gesto carregado de simbologia”.
“Os reitores e as universidades federais foram maltratados, foram detratados, foram esganados orçamentariamente. Fomos colocados como alvo e, pior, fomos alijados do nosso papel natural, que é o papel de estar a serviço do Brasil, dos projetos de desenvolvimento nacional. O que eu gostaria de dizer é que o conjunto das universidades federais brasileiras quer apresentar, neste momento, a este governo, a sua firme disposição de estar a serviço do Brasil (…). Queremos nos colocar a serviço dos projetos estratégicos do Brasil, seja na área do meio ambiente, da energia limpa, da reindustrialização, seja na área dos demais níveis de educação, para, enfim, buscar acabar com essa dualidade entre a educação superior e os demais níveis de ensino, porque as universidades entendem que a educação básica e os outros níveis de educação também são assuntos nossos. Mas, para tudo isso, naturalmente, precisamos de condições, de meios, para desenvolver a nossa própria função natural, seja meios orçamentários dignos e adequados, seja meios para exercer a nossa democracia interna, a nossa constitucionalmente instituída autonomia universitária. Sabemos que somos um patrimônio do povo brasileiro, e as universidades federais, neste momento, ficam extasiadas e acolhidas por um novo governo que tem esse reconhecimento”, completou Fonseca.
Vice-reitor da UFRJ, Carlos Frederico Leão Rocha enfatizou a importância das falas do presidente. “O discurso do presidente coloca a educação na centralidade do desenvolvimento econômico. Além disso, ele mandou um recado sobre a importância de as universidades atuarem com maior intensidade. O presidente Lula está muito preocupado com a capacidade das universidades em gerar emprego. Ele deixou evidente que conhece as necessidades do ambiente universitário”, afirmou Rocha, que em breve assumirá a Reitoria da UFRJ.
Por fim, Lula frisou que “o ensino público vai voltar à luminosidade”. Também garantiu a autonomia das universidades, que a escolha dos reitores será feita de acordo com a vontade do corpo universitário e firmou o compromisso de um encontro anual com os reitores.